O
Skate é um dos esportes mais praticados no Brasil com quase 4 milhões de
praticantes conforme Pesquisa Datafolha em 2009 além de ser o segundo esporte
mais praticado pela juventude paulistana, conforme levantamento da Prefeitura
da Cidade de São Paulo e a estimativa é de haver meio milhão de praticantes no
município atualmente.
Os
skatistas brasileiros se destacam internacionalmente conquistando títulos
mundiais e/ou premiações milionárias como Bob Burnquist, Carlos de Andrade,
Carlos Paixão, Douglas Dalua, Karen Jones, Kelvin Hoefler, Letícia Bufoni, Luan
de Oliveira, Marcelo Bastos, Pâmela Rosa, Pedro Barros, Rodil Ferrugem, Rony
Gomes, Sandro Dias, Sérgio Yuppie entre tantos outros.
Porém,
a construção de pistas públicas de Skate infelizmente está bem abaixo da
qualidade dos skatistas brasileiros, infelizmente. Todos os anos centenas de
pistas de Skate são construídas no Brasil e apesar da boa vontade da gestão
pública, 90% delas viram monumentos ao desperdício da verba pública.
Os
agentes públicos, depois de gastarem centenas de milhares de reais nestas
obras, ficam se perguntando o porquê ninguém as utiliza, apesar de existirem
tantos skatistas na sua região e o fato da área ter sido reinvidicada pelos
próprios.
Em
geral, a resposta é simples. Boa parte das pistas de Skate não tem como ser
utilizada por colocar a integridade física dos skatistas em risco, a maioria
crianças e pré-adolescentes principiantes.
As
construtoras contratadas erram na distância entre as rampas, na proporção entre
altura e angulação de paredes, instalação de cantoneiras e copings (tubo metalizado
específico para Skate) nas bordas e até em processos básicos de construção,
como prepararem o piso primeiro e depois as rampas, causando rachaduras e
quebras das entradas.
Todos
os problemas poderiam ser resolvidos facilmente se o poder público, antes de
aventurar na construção de Skate Parks (parques próprios para prática de
Skate), procurassem entidades deste esporte (associações de Skate, federações
estaduais de Skate e Confederação Brasileira de Skate) para receber
consultoria, seguindo suas recomendações e também elaborando um edital de
licitação para participação apenas de construtoras especializadas em pistas de
Skate.
Infelizmente
hoje em dia participam da construção de pistas de Skate empreiteiras que nunca
construíram este tipo de obra, muitas com contrato com prefeituras ou
subprefeituras tanto para conserto de calçadas, construção de prédios e
asfaltamento de ruas ou apenas interessadas no retorno financeiro do valor
licitado.
São
raras e louváveis situações que o poder público procura as entidades de Skate
ou empresas especializadas e devem ser aplaudidos quem o faz!
Contudo
é uma pena que até aqueles poucos que procuraram as entidades de Skate não
darem ouvidos aos conselhos de quem está no esporte há muitas décadas e tem
autoridade legal para tanto. Num caso recente (março/2015), a Subprefeitura de
Aricanduva/Formosa/Carrão procurou a Confederação Brasileira de Skate (CBSk)
para ajudá-la a reformar duas pistas de Skate existentes na sua região que
foram mal projetadas e executadas, recebendo diversas reclamações dos
moradores.
Uma
era a conhecida pista da Anália Franco na Praça Anna dos Santos Figueiredo,
considerada como uma das dez piores de São Paulo, e outra uma mini ramp
construída na Rua Tapanhuma no Jardim Têxtil com pouco flat (parte plana),
coping super saltado e paredes muito lentas, dificultando a prática de Skate.
Após
muitas reuniões com o subprefeito, o coordenador de projetos e obras da
Subprefeitura de Aricanduva/Formosa/Carrão e os arquitetos doadores dos
projetos foram elaboradas duas modernas plantas de pistas de Skate e de acordo
com o anseio dos skatistas locais.
O
fato da subprefeitura ter procurado a CBSk e decidir destruir skate parks ruins
para construir novas pistas de Skate motivou a dedicação de todos participantes
e trouxe esperanças nos skatistas dos bairros.
Depois
da entrega das plantas, em 20 de maio de 2015, ficou combinado que a
Subprefeitura de Aricanduva/Formosa/Carrão entraria em contato com a CBSk
quando a verba estivesse liberada para início das obras. Porém, apesar de
diversas tentativas em agendar uma reunião para dar prosseguimento aos
trabalhos, ela não aconteceu. Para a
surpresa de todos, as obras foram iniciadas
de forma totalmente equivocada!
Na
Anália Franco o projeto previa 03 fases: iniciando com a construção de uma
guarita, banheiros, Banks e parte de uma Skate Plaza, depois o restante da
Skate Plaza e finalizaria com uma grande mini ramp em forma de bumerangue
interligada às demais áreas.
Contudo
a Subprefeitura de Aricanduva/Formosa/Carrão iniciou a obra pela parte final, o
que resultará em rampas com saídas para gramado e num Skate Park que não atende
o anseio dos skatistas da região, já saturada de mini rampas e com poucas áreas
de Street!
No
Jardim Têxtil o projeto contemplava uma moderna Skate Plaza bem acomodada no
pequeno espaço disponível que atenderia os skatistas do bairro que evitavam
praticar na velha mini ramp torta para colocar caixotes e traves na quadra ao
lado, dando sinais claros qual tipo de Skate Park gostariam, isto é, uma Skate
Plaza não Mini Ramp.
Entretanto,
após a Subprefeitura de Aricanduva/Formosa/Carrão ter destruído a mini ramp
torta, começaram a construir outra mini ramp com medidas desproporcionais,
pouca plataforma, muito flat e paredes lentas que tem destino certo: abandono
por parte dos skatistas, assim como aconteceu com a anterior!
Enfim,
a Subprefeitura de Aricanduva/Formosa/Carrão evitou reunir-se com a CBSk e
colaboradores, iniciou as obras de qualquer forma, sem orientações adequadas e
mais uma vez, lamentavelmente, está desperdiçando o dinheiro dos contribuintes.
Se
fossem casos isolados, o problema não seria tão grande quanto realmente é,
porém muitas subprefeituras de São Paulo como prefeituras de todo Brasil também
‘metem os pés pelas mãos’!
Outro
exemplo é a pista de Skate do Jardim Independência em São Bernardo do Campo
(SP) que teve projeto elaborado por um skatista experiente, porém a execução
foi mal feita com concreto frágil o que causará rachaduras em muito breve além
do redimensionamento da planta sem consulta do projetista, ocasionando um Skate
Park onde as rampas não tem bordas metálicas para o skate deslizar, pouco
espaço entre elas, tamanhos desproporcionais e outras falhas costumeiras em
pistas públicas nacionais.
Atualmente
estão em andamento apenas no município de São Paulo, conforme pesquisa no
Diário da Cidade de São Paulo, processos para construção ou reforma de mais 22
skate parks públicas, o que deve movimentar cerca de R$ 3.000.000,00 dos cofres
públicos.
Outra
preocupação dos praticantes de Skate é sobre a emenda 94/2015 do Projeto de Lei
156/2015 que prevê a construção de mais 20 pistas de Skate nas regiões Leste
Norte, Sul e Oeste da Capital Paulista com orçamento previsto de R$
2.000.000,00 com 20% de execução em 2016.
A
pergunta é: terão todas estas obras acompanhamentos das entidades de Skate?
Serão
construídas por empreiteiras com vasta experiência anterior comprovada na
construção de pistas de Skate e/ou assessoradas por empresas especializadas
constituídas por arquitetos e engenheiros civis que praticam Skate e são os
maiores conhecedores nesta área?
Se
sim, estão de parabéns!
Caso
contrário, saibam que os skatistas com suas entidades de Skate não ficarão
calados e irão se articular publicamente para demonstrar sua insatisfação seja
através das redes sociais, imprensa como também de protestos organizados até o
momento em que as construções de Skate Parks públicos estiverem no mesmo nível
dos skatistas brasileiros, isto é, entre as melhores do mundo.
Projeto elaborado e doado pela Superfície Arquitetura Anália Franco |
Projeto elaborado e doado pela Superfície Arquitetura Anália Franco |
Antiga Mini Rampa do Jd. Textíl que foi demolida |
Antiga pista da Praça Anália Franco
Mini Rampa com muito flat e transições desproporcionais |
Obra da nova pista da Anália Franco |
Placa com valor gasto na obra
|
Projeto elaborado e doado pela Superfície Arquitetura Anália Franco |
Projeto elaborado e doado pela Superfície Arquitetura Anália Franco |
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